O que um bioengenheiro, um designer gráfico, um artesão e um desenvolvedor de softwares têm em comum?
Elas fazem parte da chamada Economia Criativa, um mercado em expansão que já emprega 892,5 mil profissionais formais no Brasil, segundo o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil 2014, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
O levantamento aponta que esse setor segue na contramão do cenário nacional de retração. De 2004 a 2013, houve alta de 90% nas contratações desse segmento, bem acima do avanço de 56% do mercado de trabalho brasileiro nesse período.
A participação da classe criativa no total de trabalhadores formais brasileiros alcançou crescimento relevante em quatro grandes áreas: tecnologia (+102,8%), consumo (+100,0%), mídias (+58%) e cultura (+43,6%).
No que se refere à remuneração, os números também impressionam. Ao passo que o rendimento mensal médio do trabalhador brasileiro era de R$ 2.073 em 2013, o dos profissionais criativos chegou a R$ 5.422, quase três vezes superior ao patamar nacional.
Talento valorizado
Alécio Rossi, coordenador da área de design e arquitetura do Senac São Paulo, explica que a criatividade passou a ser um atributo muito mais valorizado nos últimos anos. “Ela possibilita criar rupturas significativas nos padrões estabelecidos por consumos de massa. Ao mesmo tempo, otimiza recursos e talentos, potencializa as relações entre as pessoas e fortalece mercados e cidades”, afirma.
Mas, o que é economia criativa? Alécio, explica: “é uma indústria que estabelece relação entre criatividade e cultura numa abordagem multidisciplinar, que lida com a interface entre economia, cultura e tecnologia, centrada na predominância de produtos e serviços com conteúdo criativo, valor cultural e objetivos de mercado”.
Segundo o especialista, as áreas estratégicas das organizações começaram a enxergar as ideias como recurso essencial para transformar o processo produtivo. Assim, arte, design, arquitetura e cultura aparecem como diferenciais que podem agregar valor às empresas.
Desenvolvimento social
Outro exemplo é o Bela Rua, associação paulistana sem fins lucrativos que realiza projetos e intervenções urbanas participativas para transformar o espaço público em um lugar mais bonito, divertido e seguro.
De acordo com o profissional, a economia criativa colabora para o desenvolvimento social na medida em que gera benefícios econômicos a partir da produção cultural e da ocupação dos espaços públicos.
“O contato com arte e cultura enriquece o repertório local e auxilia na resolução de problemas e desafios. Por outro lado, as atividades culturais estimulam a convivência e ajudam a aliviar as pressões do dia a dia fortalecendo a comunidade”, ressalta Alécio.
As áreas que, segundo ele, podem contribuir com o desenvolvimento de economias locais e de produção cultural são: arquitetura, design, artes visuais, gastronomia, turismo, música, artes cênicas e tecnologias.
O especialista também cita alguns princípios para a ativação de economias locais:
Para motivar o potencial criativo e empreendedor de profissionais e das comunidades o caminho, destaca Alécio, está na educação. “Ela possibilita desenvolver pessoas e instituições com autonomia para inovar em diversos segmentos proporcionando bons resultados a longo prazo e melhorando a qualidade de vida”, finaliza